O processo de mudança pode ser compreendido como uma alteração de estado, por razões inesperadas ou planejadas, sendo que, os envolvidos precisam estar sensibilizadas pelas variáveis que impulsionam o processo de mudança.

Quando se analisa o comportamento dos seres vivos, percebe-se que as mudanças são adotadas nos momentos de extrema necessidade. Um bom exemplo seria um bando de pássaros migrando quilômetros pelo mundo, essa decisão não é tomada de maneira aleatória, neste caso, existem fatores que os levam a fazer a escolha certa, que é bastante decisiva e custosa, tendo em vista que alguns pássaros não resistem a uma migração e morrem. Da mesma forma ocorre na vida das pessoas, como os milhões de europeus que fugiram de seus países, durante o período das grandes guerras mundiais, ou como os milhares de nordestinos que migraram para o centro-sul do Brasil para fugir da seca no século XX.

É possível compreender que as mudanças existam, porque os envolvidos em um determinado ambiente percebem que se continuarem com o mesmo comportamento os resultados não serão muito agradáveis. Por isso há a tendência de se acomodar, pois insistimos nas mesmas estratégias até a situação chegar ao colapso, ou seja, “enquanto não dá merda a gente faz desse jeito…”. Mas nessa vida há quem busque a mudança como uma tentativa de melhorar, como uma forma de ver as coisas de outro ângulo, sair dos trilhos… Uma metamorfose.

Natural de Brasília, passei toda a minha infância em Cidade Ocidental, um município do estado de Goiás situado no entorno do Distrito Federal, como na maioria das periferias brasileiras, as oportunidades para acesso a um ensino de qualidade não eram boas. No entanto, pelo fato de meus pais serem separados passei alguns pedaços da minha caminhada morando com meu pai no Distrito Federal, em busca de melhores oportunidades, que na verdade hoje vejo que não eram tão melhores assim como pensava.

No final de 2014 me formava como cientista da computação, foram quatro anos bem complicados, devido a alguns pequenos obstáculos, como transporte público, em média três horas e meia gastas com ônibus por dia, as dificuldades financeiras também não foram poucas, passei bons apertos. Entretanto essa realidade não foi exclusividade minha, existem milhares de pessoas que passam por isso todos os dias, e além do mais, fiz grandes amigos. Mas antes mesmo da minha colação de grau, eu já havia feito uma difícil escolha, tinha decidido mudar para Florianópolis, a fim de iniciar um mestrado e trabalhar na sede da empresa que eu estagiava em Brasília, é claro que minha família não apoiou a ideia.

Na minha cabeça não tinha nada que podia me prender em um lugar, a final de contas não tenho filhos, esposa, namorada, empresa ou alguém que poderia ser prejudicado por minhas decisões. A ideia era simples… Vou me mudar de cidade, ficar longe de todas as pessoas que eu conheço, sair da zona de conforto e entrar em uma metamorfose intensa que vai me tornar uma pessoa melhor. O grande problema disso é que nós nunca sabemos as dimensões de nossas raízes em um lugar até termos que ir embora. A cada despedida parecia que saía alguma coisa de mim, definitivamente eu não levei consideração essa parte quando me decidi mudar, aliás não considerei vários fatores, e essa é a parte dramática do desconhecido, nós não sabemos de fato o que vamos enfrentar. Embarquei no avião e deixei minha zona de conforto para trás, buscando novas experiências, novos conhecimentos e novos amigos, porém a primeira coisa que me veio antes de tudo isso foi a saudade, outra coisa que não levei em consideração no momento da escolha.

Foram apenas pouco mais de dois meses da mudança até agora, o que posso perceber é que foi talvez um dos períodos em que mais aprendi na vida, em todos os sentidos, os recomeços trazem essa característica de aprendizagem, um bom momento para se criar bons hábitos.

Tenho uma longa caminhada pela frente, preciso terminar o que eu comecei com responsabilidade, e caso eu fracasse, tenho certeza que sairei com mais sabedoria para passar por novas mudanças no futuro.